UM DOS 10 MAIORES AVANÇOS DA MEDICINA
Por: Dr. Elsimar Coutinho
Cientista Formado em farmácia e depois em medicina pela Universidade Federal da Bahia, Dr. Elsimar M. Coutinho fez pós-graduação em endocrinologia na Universidade de Sorbonne, em Paris, França, e no Instituto Rockfeller, em Nova York, EUA.
Nas discussões sobre as vantagens e as desvantagens da reposição hormonal na menopausa, costumamos abordar aspectos considerados os mais importantes para a saúde e qualidade de vida da mulher.
Efeitos sobre o esqueleto, a musculatura, os vasos, a pele, os fâneros, o aparelho digestivo, a função renal, o fígado, o coração a circulação do sangue, a função cognitiva e a memória. As limitações se referem aos possíveis efeitos metabólicos como o ganho de peso e retenção hidrosalina. Também são limitações os efeitos negativos sobre as patologias da idade avançada como o câncer de mama, do endométrio e as doenças cardiovasculares. São as limitações que levam muitos médicos a se posicionarem contra a reposição hormonal, principalmente para as mulheres mais velhas.
No momento de decidir pela reposição hormonal quando são apresentadas as referidas razões a favor ou contra geralmente são omitidas as importantes influências que têm os hormônios no comportamento sexual e social da mulher e do seu companheiro.
Pouca ou nenhuma consideração é feita aos benefícios que a reposição de hormônios na mulher traz para seu companheiro que, como todos os homens, é mulher dependente. A dependência do homem na sua fêmea não se aplica, entretanto, a qualquer mulher, se limitando apenas àquelas que se conversam atraentes e sexualmente aptas. Em termos simplificados, o macho depende do estrogênio e dos seus efeitos sobre a fêmea para exercer ou exibir sua virilidade. Sem estrogênio, a mulher perde o poder de dominar a atenção dos homens, fica neutra do ponto de vista sexual, desprovida do hálito rico em óxido nítrico e o odor corporal cuja qualidade e intensidade são hormônios-dependentes.
A presença dos odores próprios da mulher é fundamental para despertar o interesse do parceiro sem o qual até o interesse social diminui marcadamente.
Um agravante importante da falta do estimulante “cheiro de mulher” é o uso de perfumes exóticos, precedidos de desodorantes que descaracterizam a mulher como fêmea da espécie humana e aos quais ela recorre nessa fase da vida. É evidente que a castração da parceira afeta de maneira dramática o comportamento sexual do homem, que, sentindo-se menos atraído pela sua companheira, desenvolve disfunção erétil e impotência que desgraçadamente é interpretada como desamor.
Por outro lado, sem testosterona a mulher perde o interesse pelo sexo e a capacidade de alcançar orgasmo. Na realidade, o efeito da menopausa no parceiro, geralmente mais velho, é devastador não apenas por causa das mudanças físicas que se apresentam na mulher. As mais perturbadoras são o seu desinteresse pelo sexo, a sua perda de memória, além do comportamento pessimista. A depressão associada provavelmente à baixa tanto dos estrogênios quanto dos androgênios nesta fase, se reflete no companheiro como num espelho.
Ao ser informado que o médico da sua mulher “é contra” a reposição hormonal porque “um estudo norte-americano constatou um aumento na incidência de câncer de mama de 20%”, o marido se sente abandonado à própria sorte. Não são poucos os que buscam uma saída extraconjugal com uma mulher que faz reposição hormonal ou uma mulher mais nova que ainda não precisa de reposição. Outros se inclinam para alternativas menos ortodoxas.
O descompasso que o hipoestrogenismo da “rainha do lar” provoca na estrutura familiar só é comparável ao abalo que o hiperestrogenismo das rivais mais jovens ou concorrentes menos perfumadas provoca no seu marido. Para muitos que colocam a harmonia do casal acima da força da natureza, o recurso mais cômodo é abdicar dos prazeres da cama e da mesa e fazer companhia a sua esposa frequentando um templo religioso.
Da maior importância é a redução dos níveis de testosterona do parceiro que se apresentam nos períodos de hipoestrogenismo da vida da mulher como lactação e a menopausa. A falta de estímulo neurohormonal sobre o testículo é aparentemente responsável pelo fenômeno cujas conseqüências sobre o esqueleto e a massa muscular são talvez mais dramáticas do que o hipoestrogenismo na mulher. O hipoandrogenismo no homem também acarreta, além dos efeitos negativos sobre o corpo, perda de memória e depressão.
Em última análise, a reposição hormonal na mulher não deixa de ser uma forma de planejamento familiar, impedindo o homem de fazer filho em outras mulheres que se encontram ainda em idade reprodutiva, atraentes e oferecidas.
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