O risco de desenvolver a doença é ainda maior quando se opta por versões processadas, diz estudo americano. Ou seja, não é só nos doces que mora a ameaça
De uns tempos pra cá, a carne vermelha é vista com desconfiança. E o pé atrás é compreensível: estudos recentes indicam que abusar no consumo aumenta o risco de ter doenças cardiovasculares e certos tipos de tumores. Agora, uma ampla pesquisa realizada pela Escola de Saúde Pública da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, traz à tona uma nova e perigosa relação. Depois de acompanhar mais de 200 mil pessoas por uma média de 20 anos, os cientistas concluíram que comer 100 gramas de carne vermelha por dia, o equivalente a um bife, oferece um risco 19% maior de desenvolver diabete do tipo 2. Para aqueles que preferem abocanhar 50 gramas de embutidos, como uma salsicha ou dois pedaços de bacon, a história é mais desanimadora, já que o risco sobe para 51%.
"Uma das hipóteses para explicar o perigo representado pela carne vermelha é a presença de ferro do tipo heme. Ao que tudo indica, doses elevadas do mineral causam resistência à insulina", conta An Pan, líder do trabalho. Trocando em miúdos: quando o famoso hormônio que transporta a glicose para dentro das células tem dificuldade para exercer sua tarefa, o sangue fica lotado de açúcar e, com isso, o diabete dá as caras.
Outras teorias, vale ressaltar, não foram descartadas. Uma delas coloca a culpa na alta concentração de gordura saturada encontrada nos bifes. "Essa explicação é mais plausível. Afinal, já se sabe que exagerar nessa gordura cria um processo inflamatório no pâncreas, órgão que produz a insulina", avalia o endocrinologista Antônio Lerário, diretor da Sociedade Brasileira de Diabetes.
No caso das versões processadas, há um agravante: elas são munidas de conservantes como nitratos e sal. An Pan explica: "Os nitratos são convertidos em nitrosaminas, substâncias consideradas tóxicas para as células beta do pâncreas, responsáveis por fabricar a insulina. Já o exagero no sódio do sal está associado à resistência ao hormônio".
Mesmo que os resultados não sejam conclusivos, o endocrinologista Airton Golbert, presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, acredita que o trabalho merece atenção. "Diminuir o consumo de carne já era sugerido para evitar problemas cardíacos. E esse dado inédito, que é o elo com o diabete, deve nos levar a pensar mais uma vez nessa redução", afirma.
A nutricionista Semíramis Domene, professora da Universidade Federal de São Paulo, na Baixada Santista, corrobora o conselho: "Ninguém precisa tirar a carne bovina da dieta, até porque o ferro heme é o mais bem aproveitado pelo corpo. Mas sua ingestão pode ficar restrita a duas ou três vezes na semana, sendo que a porção deve ter o tamanho de uma carta de baralho". Aqui é preciso salientar que estamos falando de adultos, já que as crianças, adolescentes e grávidas precisam de um aporte mais caprichado do mineral para afastar a possibilidade de ter anemia, um quadro bem sério e recorrente no Brasil. "Para esses grupos, indicamos o consumo diário, mas em quantidades moderadas, é claro", frisa Semíramis.
Ainda de acordo com a pesquisa de Harvard, quem substituiu a carne vermelha por grãos integrais, nozes ou alimentos com baixo teor de gordura afugentou o diabete. Portanto, nos dias em que topar seguir a sugestão dos especialistas e deixar o bife fora do prato, aposte nessas boas fontes de proteínas. Semíramis dá mais ideias: "No reino animal, a melhor opção são os peixes, sobretudo os magros. E os ovos estão liberados duas vezes por semana". Para abastecer o corpo de ferro, a sugestão é combinar leguminosas, como feijão, grãode- bico e soja, a reservas de vitamina C na mesma refeição. "Entre uma garfada e outra de arroz com feijão, beba suco de laranja, limão ou acerola", exemplifica a nutricionista. "Assim, o ferro de origem vegetal se torna mais solúvel e o organismo consegue aproveitá-lo com maior eficiência."
Troca-troca
Alguns alimentos podem suprir o rico conteúdo de proteínas e ferro da carne vermelha quando ela não entrar no menu. Veja:
Proteína
Aposte em peixes magros e misturas de cereais integrais com leguminosas, como arroz e feijão. O ovo tem sinal verde duas vezes por semana.
Ferro
Associe leguminosas a fontes de vitamina C na mesma refeição. Por exemplo: ao comer feijão, tome suco de laranja. Assim, o ferro de origem vegetal é mais bem absorvido pelo organismo.
"Uma das hipóteses para explicar o perigo representado pela carne vermelha é a presença de ferro do tipo heme. Ao que tudo indica, doses elevadas do mineral causam resistência à insulina", conta An Pan, líder do trabalho. Trocando em miúdos: quando o famoso hormônio que transporta a glicose para dentro das células tem dificuldade para exercer sua tarefa, o sangue fica lotado de açúcar e, com isso, o diabete dá as caras.
Outras teorias, vale ressaltar, não foram descartadas. Uma delas coloca a culpa na alta concentração de gordura saturada encontrada nos bifes. "Essa explicação é mais plausível. Afinal, já se sabe que exagerar nessa gordura cria um processo inflamatório no pâncreas, órgão que produz a insulina", avalia o endocrinologista Antônio Lerário, diretor da Sociedade Brasileira de Diabetes.
No caso das versões processadas, há um agravante: elas são munidas de conservantes como nitratos e sal. An Pan explica: "Os nitratos são convertidos em nitrosaminas, substâncias consideradas tóxicas para as células beta do pâncreas, responsáveis por fabricar a insulina. Já o exagero no sódio do sal está associado à resistência ao hormônio".
Mesmo que os resultados não sejam conclusivos, o endocrinologista Airton Golbert, presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, acredita que o trabalho merece atenção. "Diminuir o consumo de carne já era sugerido para evitar problemas cardíacos. E esse dado inédito, que é o elo com o diabete, deve nos levar a pensar mais uma vez nessa redução", afirma.
A nutricionista Semíramis Domene, professora da Universidade Federal de São Paulo, na Baixada Santista, corrobora o conselho: "Ninguém precisa tirar a carne bovina da dieta, até porque o ferro heme é o mais bem aproveitado pelo corpo. Mas sua ingestão pode ficar restrita a duas ou três vezes na semana, sendo que a porção deve ter o tamanho de uma carta de baralho". Aqui é preciso salientar que estamos falando de adultos, já que as crianças, adolescentes e grávidas precisam de um aporte mais caprichado do mineral para afastar a possibilidade de ter anemia, um quadro bem sério e recorrente no Brasil. "Para esses grupos, indicamos o consumo diário, mas em quantidades moderadas, é claro", frisa Semíramis.
Ainda de acordo com a pesquisa de Harvard, quem substituiu a carne vermelha por grãos integrais, nozes ou alimentos com baixo teor de gordura afugentou o diabete. Portanto, nos dias em que topar seguir a sugestão dos especialistas e deixar o bife fora do prato, aposte nessas boas fontes de proteínas. Semíramis dá mais ideias: "No reino animal, a melhor opção são os peixes, sobretudo os magros. E os ovos estão liberados duas vezes por semana". Para abastecer o corpo de ferro, a sugestão é combinar leguminosas, como feijão, grãode- bico e soja, a reservas de vitamina C na mesma refeição. "Entre uma garfada e outra de arroz com feijão, beba suco de laranja, limão ou acerola", exemplifica a nutricionista. "Assim, o ferro de origem vegetal se torna mais solúvel e o organismo consegue aproveitá-lo com maior eficiência."
Troca-troca
Alguns alimentos podem suprir o rico conteúdo de proteínas e ferro da carne vermelha quando ela não entrar no menu. Veja:
Proteína
Aposte em peixes magros e misturas de cereais integrais com leguminosas, como arroz e feijão. O ovo tem sinal verde duas vezes por semana.
Ferro
Associe leguminosas a fontes de vitamina C na mesma refeição. Por exemplo: ao comer feijão, tome suco de laranja. Assim, o ferro de origem vegetal é mais bem absorvido pelo organismo.
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