Há pouco, comemoramos o aumento da expectativa média de vida do Brasil, passando da faixa dos 70 anos. Paralelamente ao aumento da expectativa de vida em muitos países do mundo, há uma grande preocupação da Organização Mundial da Saúde (OMS), pois, em muitas regiões do mundo a expectativa de vida está diminuindo em vez de aumentar, como em vários países africanos, vários países do leste europeu e em alguns estados nos Estados Unidos.
Para o Brasil estima-se que, em 2050, a expectativa de vida ao nascer chegue a 85 anos de idade, elevando, assim, a parcela de idosos da popula-ção. Além disso, já se observa um contínuo incremento de indivíduos com 60 anos e mais, em nível da população brasileira: atualmente, no Brasil, 15 milhões de pessoas (8,6% da população total) já passaram dos 60 anos de idade. Entretanto, as estimativas indicam que, em 2025, o país terá mais do que o dobro do número de idosos existentes na atualidade, ou seja, 35.148.000 de pessoas idosas (15,4% da população total) versus 16.488.000 (8,8% da população total).
A água é componente básico do organismo, representando cerca de 50% do peso do corpo. Na melhor idade esta porcentagem cai. A necessidade individual diária de água é em torno de 1500-2000 ml. A perda de água se dá pelas fezes, sudorese e urina. A nutrição e a saúde estão entre as principais preocupações em relação as pessoas idosas. Com o envelhecimento, mudanças fisiológicas, metabólicas e capacidade funcional resultam na alteração das necessidades nutricionais. Essas mudanças, assim como a diversidade entre os idosos podem contribuir para alterar o seu estado nutricional. A desnutrição no idoso é causa e consequência de inúmeros fatores, que funcionam como um círculo vicioso. Exemplo, a perda de dentes leva a desnutrição e, a desnutrição causa mais cáries e mais perda de dentes.
A baixa taxa de metabolismo diminui a produção de proteínas especialmente albumina, globulinas, enzimas, neurotransmissores, hormônios. Com isso, pode ocorrer insuficiência cardíaca, diabetes, deficiência imunológica e hematológica, expondo o idoso a infecções graves e até fatais.
O diabetes provoca uma perda excessiva de água, através do aumento na eliminação de urina, o que facilita a desidratação. O estado febril aumenta em muito a perda de água. Em situações de febre, diarréia e excesso de eliminação de urina há necessidade de se aumentar o aporte de água.
Assim como na infância, na terceira idade há uma facilidade maior à desidratação. Os principais sais minerais são sódio, potássio, cálcio, magnésio, ferro, cobalto, cobre, flúor, fósforo, iodo e zinco. O idoso saudável não necessita de suplementação de sais minerais. A ingestão excessiva de sal favorece a retenção da água pelo organismo ou edema. O edema se manifesta pelo inchaço das pernas, podendo também ocorrer nas pálpebras.
A doença cardíaca, como a insuficiência cardíaca, pode gerar um estado de retenção de água. Distúrbios renais e gastrintestinais constituem também situações que levam a distúrbios metabolismo da água, como a insuficiência renal que provoca a retenção de água e as infecções intestinais que provocam a perda excessiva de água ou desidratação. A utilização frequente de medicação diurética provoca além da eliminação de água, perda de sódio e potássio. As principais causas são a falta de apetite constante, hábito alimentar com deficiências, utilização de dieta restrita rigorosa por longo tempo, algumas doenças crônicas, uso crônico de determinados medicamentos e distúrbios psiquiátricos. O estado depressivo severo pode levar à desnutrição.
As dificuldades na mastigação e na deglutição também devem ser consideradas. O estado de desnutrição pode ocorrer agudamente após uma cirurgia, por exemplo. A pessoa idosa que habita casa de repouso de má qualidade pode desenvolver grave estado de desnutrição simplesmente devida à ingestão inadequada.
A desnutrição ocorre quando há ingestão inadequada de cereais, vegetais, legumes e frutas, leite e derivados, carnes e ovos. Muitas vezes há necessidade de uma verdadeira pesquisa para se detectar as deficiências alimentares, questionando-se a própria pessoa, familiar ou responsável.
A desnutrição leva à confusão mental e a uma série de sintomas vagos de difícil diagnóstico. Há perda de peso, fraqueza, queda de cabelos, inchaço, alterações da cor da pele, etc.
Algumas vezes (pessoa sonolenta ou em estado de coma) há necessidade de se introduzir a alimentação via enteral, através de sonda colocada pelo nariz no intestino.
As vitaminas são substâncias fundamentais para o metabolismo normal do organismo, ativando-o. As vitaminas atuam como co-fatores no processo metabólico, acelerando as diferentes reações químicas que ocorrem. Não são sintetizados pelo nosso corpo tendo que ser obtidas pela alimentação, com exceção das vitaminas D e B12 que podem ser produzidas em pequena escala pelo organismo.
Uma alimentação bem balanceada é capaz de fornecer todas as vitaminas necessárias ao organismo. Isto é valido tanto para crianças como para idosos. O envelhecimento não acarreta necessidades maiores de vitaminas, não sendo necessária a sua suplementação. Por outro lado, como ocorre com outras substâncias, o idoso tem maior propensão a intoxicar-se com doses excessivas de vitaminas.
As deficiências vitamínicas ocorrem nas dietas inadequadas e nos distúrbios do trato digestivo (doenças do fígado e do estômago-duodeno, principalmente). A utilização prolongada de antibióticos leva a alterações da flora intestinal provocando deficiências de vitaminas (como a biotina e a vitamina K) provenientes da ação de bactérias. A pouca exposição à luz solar leva a deficiência de vitamina D. O alcoolismo é umas das principais causas de falta de ácido fólico e tiamina.
São muito raras as doenças provocadas por falta de uma única vitamina como o escorbuto (falta devitamina C) e a pelagra (falta de niacina). Os mais comuns são sintomas devidos a falta de múltiplas vitaminas, em geral decorrente a erros alimentares.
Deve-se destacar que na terceira idade é comum a prescrição de dieta para determinada doença que passa a ficar incorporada a vida da pessoa. O hábito de consumir com muita frequência "chá com torradas" provoca situação vulnerável a inúmeras deficiências alimentares. Nestas situações é muito importante uma avaliação médica regular quanto à possibilidade de uma deficiência de vitamina.
A pessoa hospitalizada pode desenvolver carência vitamínica múltipla, além de outras deficiências, como por exemplo, a protéica. Esta situação é particularmente comum no acidente vascular cerebral, quando há hospitalização prolongada freqüentemente associada à dificuldade na deglutição.
A falta de múltiplas vitaminas apresenta os mais diversos sintomas como hemorragias da gengiva, inflamação da língua, lesões nos cantos dos lábios, etc.
Como as vitaminas os minerais também são muito importantes nas reações químicas que ocorrem no organismo atuando como co-fatores. Em nosso meio há uma tendência ao uso indiscriminado e muitas vezes excessivo de vitaminas sob a alegação de suplementação alimentar. Certas vitaminas, como a A e a D podem provocar intoxicações. O excesso de vitamina C pode levar a distúrbios renais.
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